Esses jovens brasileiros conquistaram a medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Matemática Sem Fronteiras (MSF) de 2024. São alunos de uma escola pública da periferia do DF. Os estudantes estão no 2º e 3º anos do ensino médio. O segredo? Trabalho em equipe, disseram.
Os alunos do Centro de Ensino Médio (CEM) 9 tiveram de mostrar conhecimentos interdisciplinares, envolvendo matemática, interpretação de texto e uma língua estrangeira. E fizeram bonito.
Os campeões são: Anna Beatriz Luiza da Silva, Ana Luiza Sousa Silva, Adrian Raffael Lopes Sales, Giselly Fernandes de Melo, Lee Siler Kanashiro Martins e Mateus Otavio do Espirito Santo são os campeões.
Conquista coletiva
Anna Beatriz, aluna ouro, disse que a conquista é coletiva. “Toda a equipe aqui da escola incentiva muito a gente. Eles sempre vêm aqui em sábados, feriados, para acompanhar a gente, ajudando sempre que eles podem mesmo.”
Só este ano, o colégio conquistou nove premiações em olimpíadas, sob a orientação da professora Paula Reiko Inoi Nishikawa,
Para conquistar a medalha de ouro, foi necessário um planejamento com aulas e atividades extraclasse duas vezes por semana, no contraturno escolar.
“A gente faz uma preparação desde o início do ano para as competições de matemática. Os alunos tiveram atividades teóricas e práticas além de simulados periódicos”, disse a professora.
Leia mais notícia boa
- Brasileiro é ouro na Olimpíada Internacional de Matemática
- Brasil termina no Top 5 das Paralimpíadas, pela primeira vez na história
- Estudantes do Nordeste conquistam ouro, prata e bronze na Olimpíada Nacional de História
Apoio em casa
Para Mateus Otavio, a diferença está no apoio cada um recebe da família em casa. “Eu leio bastante, e minha mãe sempre incentivou a gente a estudar, principalmente em atividades extracurriculares. Então eu e minha irmã fazemos muitos simulados, provas, esse tipo de coisa, pra tentar melhorar e ter resultados bons.”
E Mateus tem planos concretos para o futuro. “Eu quero muito trabalhar com modificação genética. Então a minha expectativa é fazer alguma engenharia de bioprocessos ou algum curso envolvendo biotecnologia”, afirmou.
Ana Luísa, cuja mãe é empregada doméstica e o padrasto bombeiro, disse que não foi fácil: “Nossa equipe era muito boa, eu trabalhei mais na parte da interpretação mesmo, porque matemática é um pouco desafiadora para mim. Mas foi um processo muito difícil”, relembrou.
Muitas conquistas
Em 2024, os alunos da CEM 9 já foram premiados em nove olimpíadas diferentes.
Além da Olimpíada Internacional de Matemática sem Fronteiras (OIMSF), conquistaram medalhas na Olimpíada Brasileira de Geografia (OBG) e Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA).
Também subiram ao pódio, na Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (OBSMA), Olimpíada Brasileira de Biotecnologia (OBBIOTEC), Olimpíada Brasileira de Biologia Sintética (OBBS), Olimpíada do Oceano (O2), Olimpíada Nacional de Ciências (ONC) e Olimpíada Nacional de Ciências (ONC).
Antiga tradição
A tradição em preparação para olimpíadas de matemática do CEM 9 começou em 2007, dois anos depois da criação da Olimpíada Brasileira de Matemática em Escolas Públicas (OBMEP) em 2005.
Desde então, a escola participa de todas OBMEP, além de outras olimpíadas voltadas à matemática, como o Canguru da Matemática e a própria Olimpíada Internacional Matemática sem Fronteiras (MSF).
Em 2012, inclusive, seis alunos da escola participaram da edição do MSF realizada na Índia.
Dedicação e empenho
A diretora da escola, Maria José Ferreira dos Passos, atribui os resultados positivos ao trabalho em equipe.
“O CEM 09 é uma escola de gerações. O antigo diretor ficou lá 39 anos, foi professor de vários docentes que atuam lá hoje. Desses 39, estive com ele por quase 16 anos e hoje estou como gestora. Nosso foco é valorizar, acolher, entender e oferecer condições estruturais, emocionais, sociais para docentes e estudantes”, destacou ele à Agência Brasília.
O professor de física Hebio Parreao Bezerra lembrou de uma parceria importante: “A gente consegue fazer esse trabalho por causa de uma parceria que a gente tem com a própria direção da escola, porque o antigo diretor, por exemplo, lutava muito por isso”, concluiu.