Um pesquisa feita no Canadá mostra que um composto de plantas mata cepas resistentes da tuberculose sem causar efeitos colaterais no paciente. Uma flor silvestre, chamada sanguinarina, devidamente alterada para retirar sua toxidade, conseguiu combater a doença bíblica.
Essa flor silvestre é nativa da América do Norte. Em experiências com camundongos, o tratamento apresentou resultados positivos ao inibir o ressurgimento de bactérias adormecidas da tuberculose. E mais: o composto não afetou o microbioma intestinal dos animais, ou seja, os pacientes se recuperam sem ficarem fragilizados organicamente.
O estudo foi publicado na revista científica Anti-inflammatory Nutraceuticals and Chronic Diseases e mostra que o composto de plantas a partir da flor silvestre combate, inclusive a tuberculose multirresistente (MRTB).
Como conseguiram
No caso, a planta foi geneticamente modificada para reduzir sua toxicidade natural.
As terapias convencionais tratam a tuberculose com vários medicamentos ao longo de um período de seis meses, mas, com o tempo, o organismo sofre um enfraquecimento.
Com o uso dessas plantas há um ataque seletivo às bactérias responsáveis pela MRTB, deixando as saudáveis intactas.
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Alterações químicas
Para Jim Sun, autor sênior e professor assistente do Departamento de Microbiologia e Imunologia da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, é fundamental alterar a flor silvestre, retirando sua toxicidade.
A modificação gerou a criação de 35 novos derivados, dois dos quais BPD9 e BPD6. Ambos mostraram mais de 90% de eficiência para a inibição de oito formas diferentes de tuberculose, inclusive três mais resistentes.
Sun disse que o BPD9 “parece ser capaz de impedir que bactérias dormentes voltem à vida”. A medicação natural foi aplicada por oito dias, em seguida foram avaliados os resultados.
Por enquanto, o composto de plantas foi testado apenas em camundongos, segundo o GNN.
Doença infecciosa
A tuberculose é a segunda doença infecciosa que mais mata humanos no mundo. A causa é uma espécie de bactéria que invade o sistema respiratório chamada Mycobacterium tuberculosis.
Se a doença não for tratada, pode afetar o coração, o cérebro e a coluna vertebral, levando à morte.
Dom Pedro I, o líder político boliviano Simón Bolívar, o inventor do alfabeto para portadores de deficiência visual, Louis Braille, o pianista e compositor Frédéric Chopin e os escritores Franz Kafka e George Orwell foram algumas das vítimas da doença na história.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, no ano passado, um total de 105 mil brasileiros adoeceram por tuberculose, dos quais 87.344 foram diagnosticados e tratados.